Um dos grandes desafios das áreas urbanas atualmente é a dengue. Apenas em 2024, diversos estados brasileiros já decretaram situação de emergência em saúde pública devido à epidemia da doença. Nesse contexto, em condomínios residenciais o papel do síndico no combate à dengue é central.
Pensando nisso, organizamos, neste artigo, uma série de informações importantes e dicas para ajudar os síndicos nessa missão de combater a dengue e manter o condomínio e a comunidade protegidos.
Boa leitura!
O papel da comunidade
A dengue é uma das arboviroses mais comuns no Brasil, e sua transmissão ocorre por meio da picada de mosquitos. O seu principal vetor é o Aedes aegypti, também conhecido como mosquito da dengue.
Por isso, algumas das principais medidas de prevenção, como a erradicação dos mosquitos da dengue, têm caráter coletivo e exigem a participação ativa de toda a comunidade.
Em condomínios, a responsabilidade compartilhada torna-se ainda mais importante, uma vez que a proximidade pode facilitar a propagação do mosquito. Nesse contexto, o papel de combate à dengue deve ser dividido: enquanto os moradores devem se responsabilizar por suas unidades privativas, é função do síndico cuidar das áreas comuns e liderar a comunidade nas ações preventivas.
Nesse sentido, o primeiro passo para o combate é o conhecimento. Continue lendo para entender melhor sobre a dengue.
Entendendo a dengue e seus riscos
A dengue, como já falamos acima, é uma arbovirose, ou seja: uma doença causada por vírus e transmitida, principalmente, por mosquitos. Outros exemplos de arboviroses são a chikungunya e a zika.
Segundo o Ministério da Saúde, os principais sintomas da dengue são:
- febre de 39°C a 40°C;
- dor de cabeça;
- prostração;
- dores musculares e/ou articulares;
- dor atrás dos olhos.
É muito importante ter atenção a todos esses sintomas e, caso identifique pelo menos dois deles, a orientação é procurar imediatamente um serviço de saúde.
O Aedes aegypti
Para além de compreender os sintomas, também é essencial entender o ciclo de vida do mosquito Aedes aegypti para implementar medidas preventivas realmente eficazes. O ciclo se completa entre 7 a 10 dias. Por isso, é importante que as ações de prevenção se repitam semanalmente.
Veja um pouco mais sobre o ciclo de vida do mosquito da dengue:
- O Aedes aegypti coloca seus ovos em recipientes com água parada, um ambiente propício para o desenvolvimento das larvas. Os ovos podem ficar grudados nas paredes dos recipientes por até 1 ano, esperando entrar em contato com a água para se desenvolver.
- Em seguida, as larvas se desenvolvem na água, alimentando-se de matéria orgânica, durante 5 a 7 dias, até se tornarem pupas e, em seguida, mosquitos adultos.
- Após o acasalamento, as fêmeas necessitam de sangue para completar o desenvolvimento dos ovos, e é nesse momento que pode ocorrer a transmissão da dengue e outras doenças para os seres humanos.
- Por fim, o ciclo recomeça quando a fêmea coloca novos ovos. A cada ciclo reprodutivo, uma fêmea de Aedes aegypti pode colocar até 120 ovos.
Por isso, para a prevenção é essencial erradicar todas as possibilidades de desenvolvimento dos mosquitos, em todas as fases da sua vida, e ter esse conhecimento é importante dentro do papel do síndico no combate à dengue.
Estratégias eficazes de prevenção contra a dengue
Em ambientes residenciais, sobretudo condomínios, a prevenção contra a dengue demanda uma abordagem completa, com a coordenação de diferentes estratégias. Nesse sentido, a colaboração entre síndico, funcionários e moradores é fundamental para criar um ambiente seguro e imune à proliferação do mosquito Aedes aegypti.
Porém, para além disso, o síndico, como responsável legal pelo condomínio, também tem um papel de liderança quando se fala nas ações preventivas.
Confira, abaixo, algumas estratégias relevantes para o contexto condominial:
1. Eliminação de áreas de acúmulo de água
A eliminação de áreas propícias ao acúmulo de água é uma medida central na prevenção da dengue. Vasos de plantas, pneus, garrafas e outros recipientes esquecidos são locais onde o Aedes aegypti deposita seus ovos.
Nesse sentido, o papel do síndico no combate à dengue passa por incentivar os moradores do condomínio a realizar a limpeza regular desses objetos, além de garantir que não haja água parada em calhas, lajes e outros espaços das áreas comuns. Também é essencial prestar atenção a brinquedos nos parquinhos, ralos, caixas d’água e, inclusive, plantas que acumulam água, como bromélias.
2. Educação e conscientização dos moradores
As ações de prevenção, conforme já falamos, devem ser coordenadas entre todos os membros da comunidade condominial. Nesse sentido, a disseminação de informações é essencial.
Valem sessões informativas, materiais impressos e campanhas digitais para educar os moradores sobre a importância de medidas simples, como o uso de repelentes e a eliminação de água parada no interior das unidades.
A conscientização da comunidade, inclusive, pode criar uma atmosfera de responsabilidade compartilhada, fortalecendo a adesão às práticas preventivas.
3. Manutenção preventiva e inspeções regulares
A implementação de uma rotina de limpeza e manutenção preventiva, aliada a inspeções regulares, pode ser uma ação essencial, dentro do papel do síndico no combate à dengue, para identificar e eliminar potenciais pontos de proliferação do mosquito.
O síndico pode, por exemplo, criar um calendário regular de inspeções e limpeza com base no período do ciclo de vida do Aedes aegypti e orientar os funcionários quanto às melhores práticas para realizar essas tarefas.
Além disso, vale criar lembretes para os moradores, de forma que eles também acompanhem esse calendário e mantenham os espaços privativos limpos e protegidos.
4. Organização de mutirões de limpeza
Outra estratégia que pode ser bastante interessante para garantir a organização do condomínio é a realização de mutirões de limpeza.
Nesse sentido, o síndico pode organizar grupos alternados para os mutirões ou promover um revezamento. Assim, além de garantir um condomínio mais seguro, também é possível reforçar o senso de comunidade e responsabilidade coletiva.
5. Instalação de barreiras físicas
Também pode fazer parte do papel do síndico no combate à dengue a iniciativa de instalação de barreiras físicas, como telas de mosquiteiro em portas e janelas.
Nesse aspecto, é importante atentar-se ao risco de alteração de fachada, presente no artigo 1.336 do Código Civil. Para evitar esse problema, vale aprovar em assembleia um padrão para as telas de proteção.
Recapitulação do papel do síndico no combate à dengue
Ao longo deste artigo, falamos bastante sobre a complexidade da dengue, os riscos associados à sua proliferação em condomínios e diversas estratégias eficazes de prevenção.
Nesse contexto, é essencial destacar o papel do síndico na liderança e coordenação dessas iniciativas, assumindo uma posição estratégica na proteção da comunidade contra a ameaça da dengue.
O síndico, como representante e gestor do condomínio, desempenha um papel importante na implementação e execução das práticas preventivas, como a organização da comunidade, a manutenção preventiva dos espaços e a manutenção de uma rotina de inspeções e limpezas regulares.
No entanto, não cabe apenas ao síndico esse papel. Afinal, as atitudes de prevenção da dengue devem ser uma tarefa de toda a comunidade, para construir um ambiente condominial resistente à proliferação do Aedes aegypti e à propagação da dengue.