O termo “especulação imobiliária” é muito usado em meios de notícia e políticos, afinal, é uma realidade no cenário brasileiro. Por isso, há repercussões na sociedade como um todo.
Essa é uma prática controversa no meio imobiliário e causa muitas discussões. Embora gere lucros ao especulador, a especulação ocasiona impactos negativos para a sociedade.
Nesse sentido, vamos discutir sobre a especulação imobiliária, seu funcionamento e os principais impactos dessa prática.
O que é especulação imobiliária?
A especulação imobiliária refere-se à prática de adquirir propriedades com o objetivo de lucrar com sua valorização futura.
Mas esse não é, necessariamente, um processo natural ou espontâneo, no qual compram aguardando um dia a valorização.
Nesse processo, os investidores nem sempre fazem apostas às cegas sobre o futuro daquele bairro. Eles podem ter informações privilegiadas sobre futuros investimentos ou melhorias, tanto do setor público como privado. E, por isso, compram propriedades na região aguardando a breve chegada dessas melhorias.
Como funciona a especulação imobiliária
A especulação imobiliária começa com a figura do especulador, que geralmente é um empresário do ramo imobiliário ou um investidor. Ele adquire propriedades em uma determinada região por um valor baixo, e as mantém sem uso aguardando a chegada de melhorias na região que valorizarão essas propriedades.
Como dissemos, a especulação pode ser espontânea. Por exemplo, com a canalização de córregos, asfaltamento em ruas, entre outros. Mas pode ser também decorrente de acordos entre o especulador e empresas. A abertura de centros comerciais, por exemplo, traz valorização aos imóveis nas proximidades.
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Os impactos sociais da especulação
A especulação imobiliária acarreta problemas socioeconômicos. Essa prática gera lucros sem produzir nenhum produto ou contrapartida social. Ela apenas ocupa espaços da cidade, ou seja, gera falta do uso social dos imóveis e terrenos, e contribui para o questão de falta de moradia nas cidades.
Ou seja, enquanto a população cresce, o número de moradias não acompanha o ritmo. Isso porque, muitos terrenos estão vazios aguardando a valorização. Com isso, é crescente o déficit habitacional no Brasil.
Segundo pesquisa da Fundação João Pinheiro, de 2018, mais de 5,8 milhões de moradias tinham problemas relativos ao déficit habitacional em todo país.
Outro problema relacionado à especulação imobiliária é a gentrificação. Esse é um processo no qual áreas ocupadas pela população de baixa renda passam por um processo de revitalização, ocasionando em sua valorização.
Com isso, eleva-se o valor dos imóveis, atraindo a população de maior renda e, aos poucos, os residentes de baixa renda procuram outros espaços que sejam de valores mais baixos. Ou seja, há uma troca de perfil socioeconômico na região.
Isso costuma ocorrer em áreas próximas ao centro da cidade, tendo em vista o fácil acesso às atividades econômicas e ao trabalho. Assim, a população de baixa renda se move para as regiões mais afastadas em busca de moradias, uma vez que o metro quadrado de onde estava encareceu.
Exemplo de especulação imobiliária no Brasil
Um exemplo atual da especulação imobiliária é o bairro de Pinheiros, em São Paulo. O bairro é conhecido por ser de uma região nobre e bem localizada, com diversos tipos de serviços e opções de entretenimento e gastronomia.
O processo se fez presente com mais força a partir de 2019. O tradicional bairro da capital paulista tem suas históricas construções substituídas por prédios de alto padrão.
Por isso, o bairro tem altas taxas de demolição da cidade. Há muitos relatos de comerciantes e moradores sofrendo assédio de empreiteiras interessadas em seus imóveis.
Diferença entre especulação imobiliária e investimento
A especulação tem como principal objetivo vender a propriedade, visando obter o maior retorno de investimento possível. Por isso, o especulador retém o imóvel por um período até alcançar um retorno financeiro desejável por meio da valorização.
Já o investimento não é assim. Nesse caso o investidor obtém lucro com aluguéis ou outro uso da propriedade. Ou seja, em investimentos, há o fator do uso social do imóvel.
Conclusão
A especulação imobiliária é um fenômeno complexo que exige uma abordagem equilibrada para garantir o desenvolvimento urbano sustentável e o acesso à moradia para todos.
Portanto, é importante que os governos tenham políticas eficientes para diminuir o déficit imobiliário e promover o desenvolvimento, tais como a criação de um plano diretor e IPTU progressivo.