Descubra como a adoção dos contratos de ESG na gestão de shopping centers pode se transformar em um grande diferencial competitivo.
Os contratos de ESG estão sendo amplamente debatidos e ganhando relevância na sociedade. Mas você sabe o que isso significa e seus impactos para a gestão de shopping centers?
Neste artigo, vamos te explicar o que são os contratos de ESG e os benefícios para a administração de shopping centers. Além disso, confira dicas de implementação e como essa estratégia é um diferencial competitivo para o futuro.
Boa leitura!
O que são contratos de ESG?
Os contratos de ESG são cláusulas contratuais que estabelecem o compromisso e as exigências relacionadas às questões ambientais e sociais. A sigla ESG significa Environment, Social and Governance, que, na tradução, fica Ambiental, Social e Governança. O termo se refere a uma série de iniciativas que visam reduzir o impacto negativo no meio ambiente e promover organizações mais sustentáveis.
Com isso, investidores, consumidores e outras partes interessadas são cada vez mais atraídos por práticas conscientes, que reduzam os riscos e aumentem a competitividade do empreendimento no mercado.
Os contratos de ESG, por serem disposições legais que estabelecem o comprometimento com questões ambientais, sociais e de governança corporativa, exigem que as empresas se comprometam com o seu cumprimento. Além disso, esses contratos podem evitar litígios judiciais e questões legais que acarretariam altos custos e desgaste para o shopping.
Ao garantir a redução do impacto ambiental com práticas sustentáveis e socialmente responsáveis, a organização, além de contribuir para o meio ambiente, evita multas governamentais decorrente de irregularidades.
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Mas quais são os benefícios dos contratos de ESG para a gestão dos shoppings centers?
1. Redução de custos operacionais
As práticas sustentáveis dos contratos de ESG, como a gestão dos recursos naturais, a redução de resíduos e o uso de energia renovável, diminuem consideravelmente os custos operacionais.
ESG não é apenas sobre impacto ambiental positivo, mas também pode ser uma ferramenta financeira muito estratégica, já que seus impactos refletem diretamente no aumento da margem de lucro.
Exemplo claro disso é o shopping center King of Prussia, na Pensilvânia, que, para se abastecer, instalou um sistema de energia solar capaz de gerar energia o suficiente para abastecer 1.000 casas.
Esse sistema é composto por 14.000 painéis solares e reduz a emissão de aproximadamente 6.400 toneladas de gás carbônico por ano.
2. Aumento da atratividade para investidores
Os contratos de ESG podem fazer com que o shopping se torne mais atraente para investidores que priorizam estratégias de longo prazo. Isso porque esses contratos não só minimizam os riscos ambientais, mas também tornam o shopping menos vulnerável a multas regulatórias e problemas de imagem institucional.
De acordo com a pesquisa Global Reporting and Institutional Investor Survey, da Ernest & Young, promovida com mais de mil líderes financeiros e 320 investidores, 99% dos respondentes afirmam usar as informações sobre ESG como parte de suas decisões de compra.
Vale a pena destacar que o investidor está preocupado com o retorno financeiro, principalmente a longo prazo. Dessa forma, os contratos de ESG, como uma tendência para o futuro, ajudam a garantir essa perspectiva.
3. Melhoria na imagem corporativa
Quando um shopping adota os contratos de ESG e implementa padrões socialmente responsáveis, como redução desperdício, práticas de construção sustentável e medidas de eficiência energética, ele se posiciona como um exemplo de liderança ambiental. Isso gera para o público uma relação de confiança e respeito, seja com os clientes ou com os parceiros comerciais.
Isso porque uma tendência atual do consumidor consciente é não procurar somente produtos e lugares de qualidade, mas também aqueles que refletem seus valores. A prática sustentável com o ESG tem um impacto direto na decisão dos clientes, já que é um olhar mais humano e consciente para a sociedade.
Assim, a nova era dos negócios requer um conjunto de responsabilidades corporativas que ultrapassam o âmbito do lucro. Com isso, a imagem que se configura como o conjunto de percepções do público sobre a organização também tem recebido um grande destaque, e o ESG tem sido amplamente discutido no centro das estratégias.
A adoção dos contratos de ESG em um shopping center não só fortalece sua imagem como uma organização ética e responsável, mas também conquista a lealdade de clientes e investidores, criando uma vantagem competitiva no mercado.
Como implementar contratos de ESG em shopping centers?
Auditoria e diagnóstico inicial
A implementação dos contratos de ESG em shopping centers precisa acontecer de uma maneira estratégica e técnica para garantir que as práticas da organização estejam alinhadas com as práticas sustentáveis e socialmente responsáveis.
A auditoria deve ser feita de maneira abrangente para todas as áreas operacionais e de gestão do shopping. Com isso, ela deve coletar informações sobre as práticas atuais, identificar as lacunas e proporcionar uma base para os desenvolvimentos do futuro.
Gestão sustentável de energia e água
É necessário analisar as operações de energia para avaliar a eficiência energética, o uso de fontes renováveis e a possibilidade de implementação de tecnologias verdes.
Com isso, os painéis solares têm se tornado cada vez mais populares para shoppings centers. Afinal, além de garantirem a sustentabilidade e a redução dos gases relacionados ao efeito estufa, também possuem um grande potencial de economia.
De forma gradual, o shopping pode começar com a utilização dessa energia para operações como iluminação, climatização, sistemas de segurança, funcionamento de lojas e restaurantes, até conseguir atingir o potencial máximo de 100% de energia renovável.
Para o uso de água, por exemplo, pode-se analisar como o shopping gerencia esse consumo e se pode ser melhorado de alguma forma, seja através da redução ou do reuso de águas pluviais.
Dessa maneira, os sistemas inteligentes de reaproveitamento de água são tecnologias inovadoras que buscam otimizar o uso da água. Esses sistemas reduzem significativamente a necessidade de água potável para atividades não essenciais.
Nesse sentido, a reutilização de água pluviais é uma das soluções mais comuns, pois a água da chuva é captada por superfícies impermeáveis e, após filtragem, pode ser utilizada para irrigação de áreas verdes, limpeza de áreas comuns, sistemas de ar-condicionado e entre outros.
Impacto social e governança
Vale destacar que o ESG não apresenta somente aspectos ambientais, mas também possui as práticas sociais e de governança. Assim, é necessário avaliar as políticas de diversidade e inclusão, tanto para os colaboradores quanto para os consumidores.
A acessibilidade em shoppings é regulamentada pela Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015), que estabelece diretrizes para acessibilidade em edificações e espaços urbanos. Esse regulamento define critérios técnicos que devem ser seguidos para garantir que os ambientes sejam acessíveis a pessoas com deficiência e mobilidade reduzida.
Além disso, é um aspecto essencial garantir que todas as pessoas, independente de suas características físicas ou sensoriais, possam desfrutar da experiência de compra. Com isso, é necessário a implementação de diversas medidas que visam eliminar as disparidades e promover a inclusão.
Portanto, a infraestrutura de um shopping deve ser planejada de forma a contribuir para a circulação de pessoas com diferentes necessidades, com iniciativas como:
- reservar vagas do estacionamento próximo às entradas principais;
- oferecer tradução em Libras e acessibilidade nos eventos e promoções;
- simplificar a locomoção nos espaços do shopping; etc.
Ademais, a governança envolve a criação de uma estrutura organizacional clara e transparente, com a definição de papéis e responsabilidades bem estabelecidas. Por isso, é fundamental verificar se as iniciativas de ética e conduta estão de acordo com as regulamentações.
Por fim, a implementação de códigos de éticas rigorosos, a realização das auditorias frequentes e a garantia da conformidade com as leis e normas são práticas indispensáveis.
Áreas de melhoria e pontos críticos
Após o diagnóstico inicial, é necessário identificar as áreas que o shopping pode melhorar os aspectos ESG e identificar os pontos críticos que exigem atenção imediata, como o uso excessivo de energia ou a gestão inadequada de resíduos.
Para isso, é necessário o desenvolvimento de um plano de ação detalhado para cada área, com metas e prazos para implementar as melhorias. Pode-se, também, utilizar normas internacionais de ESG, como os critérios da Global Reporting Initiative (GRI), como referência para as áreas que precisam ser aprimoradas.
Critérios ESG nos contratos com fornecedores
A inclusão de cláusulas ESG nos contratos dos prestadores de serviços pode acontecer de diversas formas. Durante o cumprimento das obrigações estabelecidas pelo contrato, pode-se colocar exigências para os fornecedores cumprirem determinados padrões ambientais, sociais e de governança, como práticas sustentáveis, descarte adequado de resíduos, condições justas de trabalho e respeito aos diretos humanos.
Caso os fornecedores não cumpram esses padrões, o shopping poderá declarar uma quebra contratual e se defender em um futuro processo. Isso porque poderá alegar que estabeleceu cláusulas ESG no contrato e exigiu informações sobre a outra empresa.
Ao adotar essas práticas, o shopping não só demonstra comprometimento com o desenvolvimento sustentável, mas também com as expectativas da sociedade em relação às suas atividades, ganhando a confiança e fidelidade dos clientes.
Incentivo para lojistas e parcerias estratégicas
Nos contratos de ESG em shoppings centers, pode-se integrar benefícios e incentivos diretos para os lojistas que adotarem práticas sustentáveis. Alguns incentivos podem ser:
- descontos em aluguel ou condições especiais de pagamento;
- inclusão nas campanhas de marketing do shopping, principalmente se forem relacionadas a práticas sustentáveis;
- certificações ou selos;
- premiações e reconhecimento.
Esses incentivos, além de ajudarem a criar um bom relacionamento com os lojistas, estimulam na imagem positiva do shopping, que vira um ponto importante de atratividade para o público.
Nesse sentido, os shoppings centers podem firmar parcerias estratégicas com empresas que oferecem soluções sustentáveis. Essas parcerias com empresas especializadas pode ser um passo importante para a gestão de resíduos e a utilização de energia limpa.
Além disso, os shoppings podem criar parcerias com organizações não governamentais (ONGs). Isso porque podem realizar ações ou eventos que beneficiem a comunidade local, como a arrecadação de recursos e doações de produtos, criando um vínculo mais forte do shopping com a comunidade local.
Para além de um diferencial competitivo: os contratos de ESG como uma tendência do futuro
Os contratos de ESG podem tonar o shopping um modelo de inovação e sustentabilidade. Afinal, ao incorporar cláusulas que incentivam práticas sustentáveis e socialmente responsáveis, os shoppings não só se destacam no mercado, mas também se enquadram em uma tendência do futuro.
As tendências futuras indicam uma pressão crescente dos consumidores e investidores para que as práticas de ESG sejam mais rigorosas e transparentes. Assim, os shoppings centers serão cada vez mais cobrados a reportar seus impactos de forma transparente com soluções inovadoras.
Portanto, essa tendência criará uma organização mais alinhada com as expectativas globais de sustentabilidade, que ajuda não só na imagem corporativa, mas também na saúde financeira a longo prazo.